Série Les Voyageurs de la Vie

DE SOL A SOL - Pra começar...

Um amigo entrou em cena nesta quarta com o novo espetáculo do Thèâtre du Soleil, Les Naufragés du Fol Espoir ( Os náufragos da louca esperança ). E, como um viajante de todas as horas, manteve-se em seu barco, agora atracado em São Paulo, a cidade sem céu, longe do mar. Dali, espiona a nova terra. Mais: a nova gente,  num estado de vibração próprio aos atores antes de toda apresentação. Maurice Durozier estreou na  terra que já recebera outras montagens da Companhia francesa, como Les Éphémères, visto e revisto por aqui várias vezes logo que Yuri Yamamoto chegou com o DVD da peça. YY sabia que, num surpreendente estado de convalescença, essa obra seria bem recebida por mim, por todo o vínculo afetivo e artístico que mantemos com o ator francês, pela magnifíca obra que trata de miudezas da vida cotidiana, pelo que representa a trupe, seus integrantes, sua encenadora Ariane Mnouchkine.

Uma das raras mulheres em destaque no mundo por sua atuação como diretora teatral, a importância de Mnouchkine foi confirmada por um júri presidido, em Oslo, por uma das atrizes mais admiráveis, Liv Ullman, responsável por escolher aquele, ou aquela, cuja excelência assemelha-se a do dramaturgo norueguês Henrik Ibsen. Um argumento para a premiação foi que "todos os que viram uma das produções de Ariane Mnouchkine no Théâtre du Soleil em Paris saíram com o sentimento de terem participado de um conto de fadas". Antecedeu Ariane na primeira edição do Ibsen Award o buda do teatro Peter Brook, outro criador de contos de fadas.

Antes da estréia em São Paulo, nosso viajante Durozier aventurou-se em Recife, onde levou sua oficina O Teatro é o Outro e apresentou a primeira parte da palestra PALAVRA DE ATOR, na qual ele desfia seu ofício e os meandros misteriosos da arte de atuar. O ator, o outro, o ofício, o mistério, o sonho, a vida... Com esses significantes Durozier cumprirá, ainda,  compromissos diversos no Rio de Janeiro, Porto Alegre, Brasília, Natal, Salvador, Chile, Uruguai, até o início de 2012. Até lá, quem sabe, passará por Fortaleza mais uma vez com sua mala carregada de utopias.

Marta Aurélia